ENGENHEIROS DO HAWAII
ENGENHEIROS DO HAWAII
Integrantes
Humberto Gessinger
Gláucio Ayala
Fernando Aranha
Pedro Augusto
Engenheiros do Hawaii é uma banda brasileira de rock alternativo, formada em 1984 na cidade de Porto Alegre, que alcançou grande popularidade com suas canções irônicas e críticas.
Trajetória
Quatro estudantes da Faculdade de Arquitetura da UFRGS - Humberto Gessinger (vocal e guitarra), Carlos Stein (guitarra), Marcelo Pitz (baixo) e Carlos Maltz (bateria) - resolveram formar uma banda apenas para uma apresentação em um festival da faculdade, que aconteceria por protesto à paralisação de aulas. O primeiro show da banda foi em 11 de janeiro de 1985. Escolheram o nome Engenheiros do Hawaii para satirizar os estudantes de engenharia que andavam com bermudas de surfista, com quem tinham uma certa rixa.
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Antes de começarem as gravações do segundo disco, Marcelo Pitz deixa a banda por motivos pessoais. Com Gessinger assumindo o baixo, entra o guitarrista Augusto Licks, que havia trabalhado com Nei Lisboa, conhecido músico gaúcho. Os Engenheiros lançam o disco A Revolta dos Dândis, em 1987. A banda muda o direcionamento temático, iniciando uma trilogia baseada no rock progressivo, com discos com repetições de temas gráficos e musicais e letras em que ocorre a auto-citação. Os arranjos musicais são influenciados pelo rock dos anos 60, as letras são críticas, com ocorrência de várias antíteses e paradoxos e aparecem citações literárias de filósofos, como Albert Camus e Jean-Paul Sartre. Destaque para os hits "Infinita Highway", "Terra de Gigantes", "Refrão de Bolero" e a faixa título, dividida em duas partes. Começam os shows para grandes plateias nos centros urbanos do país, como o festival Alternativa Nativa, realizado entre 14 e 17 de junho de 1987. A partir desta data, os Engenheiros encheriam ginásios e estádios pelo Brasil afora. Porém, houve polêmicas e a banda chegou mesmo a ser acusada de elitista e fascista pelo conteúdo de suas letras. As polêmicas se intensificaram quando membros da banda se
apresentaram com camisetas estampadas com a Estrela de Davi e a Suástica. O disco seguinte, Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém, de 1988, pode ser visto como uma continuidade do anterior, tanto pelo trabalho da capa do álbum como pelo tema e estilo de suas canções. Destaque para as músicas "Somos Quem Podemos Ser", "Cidade em Chamas", "Tribos & Tribunais", a faixa-título e "Variações Sobre o Mesmo Tema", esta última uma homenagem à banda Pink Floyd, com sua estética progressiva e dividida em três partes. O álbum também marca a saída dos Engenheiros da cidade de Porto Alegre, indo morar no Rio de Janeiro. Consolidada a nova formação, os Engenheiros lançam Alívio Imediato, de 1989, quarto disco da banda e o primeiro registro ao vivo. Suas canções mostram uma retrospectiva de suas principais canções e as novas perspectivas a serem incorporadas, em especial o som mais eletrônico, presente na faixa título e na música "Nau à Deriva", ambas gravadas em estúdio e as demais gravadas ao vivo no Canecão, no Rio de Janeiro.
Mudança para o Rio de Janeiro (1990 – 1993)
O disco seguinte, O Papa é Pop, de 1990 consolida a mudança de sonoridade da banda. Puxados pelo sucesso "Era um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones", regravação de uma velha canção do grupo Os Incríveis (por sua vez versão da canção "C'era un ragazzo che come me amava i Beatles e i Rolling Stones" de Gianni Morandi), e a faixa-título, o quinto disco dos Engenheiros investe no som progressivo, calçado nos solos de guitarra de Licks e em uma base mais eletrônica de teclados e bateria. Gessinger passa a assumir também os teclados da banda e começam a surgir as baladas de piano e voz da banda. São dele as canções "Anoiteceu em Porto Alegre", "O Exército de um Homem Só" (dividida em duas partes),
"Pra Ser Sincero" e "Perfeita Simetria" (versão alternativa da canção "O Papa é Pop"). Em meio aos novos sucessos, uma antiga canção, "Refrão de Bolero", oriunda do segundo disco, A Revolta dos Dândis, também era bastante executada pelas rádios. Aclamados pelo público e massacrados pela crítica, os Engenheiros do Hawaii consagram-se no Rock in Rio II, arrancando elogios do jornal americano New York Times, apesar de ignorados pela Folha de São Paulo. O ano de 1991 marca o lançamento do sexto disco, Várias Variáveis, que completa a trilogia iniciada no segundo e terceiro discos da banda. Há redução dos efeitos eletrônicos e a retomada de um som mais rock 'n' roll, mas não repete o mesmo sucesso do anterior, mesmo tendo a canção "Herdeiro da Pampa Pobre", regravação de um antigo sucesso de Gaúcho da Fronteira, bastante executada nas rádios. Este é um dos discos que contém as melhores letras do grupo, porém, o som não é o forte do álbum, sendo o mesmo questionado hoje até pelo próprio Gessinger. Pode-se dizer que foi um disco seminal, pois canções como "Piano Bar", "Muros & Grades" e "Ando Só", em regravações em outros discos, estabeleceram-se como algumas das melhores da banda. No ano seguinte, 1992, é lançado o sétimo disco, Gessinger, Licks & Maltz, ou GLM, inspirado no famoso logotipo ELP de Emerson, Lake & Palmer.
O som continua mesclando elementos de MPB e rock progressivo, com destaque para as canções "Ninguém = Ninguém", "A Conquista do Espaço", "Pose (Anos 90)" e "Parabólica", canção que Gessinger fez em homenagem a sua filha Clara, nascida em fevereiro do mesmo ano.
O oitavo disco dos Engenheiros é o semi-acústico Filmes de Guerra, Canções de Amor, de 1993, gravado ao vivo na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro. A banda considerava este disco como acústico, pois condicionava tal formato à ausência de bateria e às guitarras semi-acústicas. Na época não existia a febre de acústicos gravados pelos grandes nomes nacionais, o que denota o caráter visionário da banda. O disco foi gravado ao vivo por uma decisão da banda de gravar um álbum ao vivo a cada três álbuns, uma ideia da banda Rush, que faz o mesmo. Com guitarras acústicas, percussão, piano, acordeão e participação da Orquestra Sinfônica Brasileira em três faixas, regida por Wagner Tiso, as velhas canções – como "Muros & Grades", "O Exército de um Homem Só" e "Crônica" – e novas composições – como "Mapas do Acaso" e "Quanto Vale a Vida?", ganharam arranjos que apontavam para o blues, a música tradicionalista e a erudita, ressaltando a excelente qualidade das letras dos Engenheiros do Hawaii. A banda chegou a participar, ainda no mesmo ano, do festival Hollywood Rock Brasil, junto com os brasileiros do Biquini Cavadão, De Falla, Dr. Sin e Midnight Blues Band. Entretanto não foram bem recepcionados e receberam muitas vaias. Eles se apresentaram no mesmo dia de L7 e Nirvana. O ano de 1993 marca também a primeira excursão dos Engenheiros pelo Japão e Estados Unidos. Porém, no final deste mesmo ano, discussões e rixas internas acabaram por resultar na saída do guitarrista Augusto Licks. Inicia-se uma longa disputa jurídica pela marca "Engenheiros do Hawaii", tendo Gessinger e Maltz finalmente ficado com o nome da banda.
Tempos de tempestade e Gessinger Trio (1994 – 2000)
Da turnê de ¡Tchau Radar!, surgiu o terceiro disco ao vivo da banda, e o décimo segundo de sua carreira: 10.000 Destinos. Novamente, Gessinger repassa o repertório consagrado da banda em novas versões divididas em um set acústico e um elétrico e conta com a participação de Paulo Ricardo, cantando "Rádio Pirata" do RPM, e do gaiteiro Renato Borghetti nas canções "Refrão de um Bolero" e "Toda Forma de Poder". Como faixas-bônus, gravadas em estúdio, acompanham as inéditas "Números" e "Novos Horizontes", além da regravação de "Quando o Carnaval Chegar", de Chico Buarque. Alguns meses após a apresentação no Rock in Rio III (2001), Lúcio, Adal e Luciano saem da banda e montam outro grupo, Massa Crítica, mudando novamente a formação dos Engenheiros. Lúcio, Adal e Luciano são substituídos por Paulinho Galvão (guitarra), Bernardo Fonseca (baixo) e Gláucio Ayala (bateria). Gessinger volta a tocar guitarra, após 14 anos responsável pelo contrabaixo dos Engenheiros. Com essa nova formação eles regravam algumas músicas da banda e lançam uma re-edição de seu último disco, agora intitulado 10.001 Destinos. Duplo, traz as mesmas faixas do disco precursor, e novas versões de estúdio das canções "Novos Horizontes", "Freud Flinstone", "Nunca Se Sabe", "Eu Que Não Amo Você", "A Perigo", "Concreto e Asfalto" e "Sem você".
Começava com esta formação, seguindo novamente o mercado musical (quando bandas mais pesadas começaram a ter mais espaço), de som mais limpo e pesado. Isso se confirma em 2002, com o lançamento do disco Surfando Karmas & DNA, disco que consolida a nova fase da banda, e que tem a participação especial do ex-Engenheiros Carlos Maltz na faixa "E-stória". São destaques do disco a faixa título e as canções "Terceira do Plural", "Esportes Radicais", "Ritos de Passagem" e "Nunca Mais". Há influência do punk rock e pop rock nas novas canções. O disco seguinte, Dançando no Campo Minado, de 2003, mantém a regra: sonoridade muito similar ao seu antecessor com músicas curtas, guitarras pesadas e poesia crítica de Gessinger denunciando os males da globalização, da desilusão política e ideológica e da guerra, nas canções "Fusão a Frio", "Dançando no Campo Minado", "Dom Quixote" e "Segunda Feira Blues" (partes I e II, esta última novamente com a participação de Carlos Maltz), porém, convivendo com um certo otimismo na parte mais emotiva da vida. Emplaca nas rádios a canção Até o Fim.
Acústico MTV e Acústico II: Novos Horizontes (Turnês Acústicas) (2004 – 2008)
Para comemorar os vinte anos de banda, completados em 2005, os Engenheiros do Hawaii lançaram o CD e DVD Acústico MTV. O acústico tem as participações especiais dos músicos Humberto Barros (órgão Hammond) e Fernando Aranha (violões). Este último já havia feito uma participação especial no disco anterior. O disco se diferencia dos demais por não trazer participações especiais, apenas "fraternais": Clara Gessinger, filha de Humberto, divide os vocais com o pai na canção Pose (executada com parte da letra cortada) e Carlos Maltz, co-fundador e ex-baterista dos Engenheiros, que canta junto com Gessinger a canção Depois de Nós, de sua autoria. Além dos grandes sucessos, como Infinita Highway, Somos Quem Podemos Ser e O Papa é Pop e das canções recentes, como Surfando Karmas & DNA e Até o Fim, o disco traz as canções O Preço e Vida Real, ambas do álbum Humberto Gessinger Trio. Por fim, acrescentam-se ainda as canções inéditas "Armas Químicas e Poemas" e "Outras Frequências". Durante a turnê do Acústico, Paulinho Galvão deixa a banda e seu posto é assumido por Fernando Aranha. Nos teclados, por sua vez, o jovem Pedro Augusto assume o lugar de Humberto Barros, que já fazia parte da banda de apoio do Kid Abelha.
O novo disco, Acústico II: Novos Horizontes, foi gravado nos dias 30 e 31 de maio de 2007, em São Paulo, no Citibank Hall, e foi lançado em agosto de 2007 com nove faixas inéditas, além de nove regravações. O disco quebrou a seqüencia de a cada 3 discos em estúdio, ser gravado um "ao vivo". Também foi palco de novas experiências para Gessinger, como a viola caipira que usa em algumas músicas do álbum. Segundo ele, se tivesse que rever todas as obras dos Engenheiros do Hawaii, 'Novos Horizontes' é o que não mexeria em nada. Destaque maior para as faixas inéditas "Guantánamo", "Coração Blindado", "No Meio de Tudo, Você" e "Quebra-Cabeça". No fim de 2007, o então baixista Bernardo Fonseca sai da banda e Humberto Gessinger assume o baixo. Desde então a banda voltou a utilizar guitarras em seus shows. No ano de 2008, após shows pelo Brasil inteiro, a banda termina a turnê acústica, começada em 23 de julho de 2004 com o lançamento do Acústico MTV.
Atividades interrompidas
Junto com a turnê terminam, pelo menos temporariamente, as atividades dos os Engenheiros do Hawaii. O vocalista e líder da banda, Humberto Gessinger declarou no site oficial da banda que os planos de retorno da banda são somente no ano de 2013. Lembrando que já é a quarta vez que Gessinger adia o retorno dos Engenheiros. Entre 2008 e 2012 Gessinger se dedicou ao Pouca Vogal, parceria com Duca Leindecker, vocalista do Cidadão Quem. Juntos eles cantavam novas baladas e grandes sucessos de suas bandas.Também lançou 5 livros:Meu Pequeno Gremista, Pra Ser Sincero - 123 Variações Sobre Um Mesmo Tema no final de 2009, Mapas do Acaso - 45 Variações Sobre Um Mesmo Tema em fevereiro de 2011, o livro Nas Entrelinhas do Horizonte em abril de 2012 e o livro Seis Segundos de Atenção em agosto de 2013. Em setembro de 2013 Humberto Gessinger lançou seu primeiro álbum solo, o Insular.
Formações
Ex-integrantes[editar | editar código-fonte]
Carlos Stein - guitarra (1985)
Augusto Licks - guitarra, violão, teclados e midi-pedalboard (1987-1994)
Ricardo Horn - guitarra e violão (1994-1996)
Fernando Deluqui - guitarra e violão (1995-1996)
Luciano Granja - guitarra e violão (1996-2001)
Paulinho Galvão - guitarra e violão (2001-2005)
Marcelo Pitz - baixo (1985-1987)
Bernardo Fonseca - baixo (2001-2008)
Carlos Maltz - bateria e percussão (1984-1996)
Adal Fonseca - bateria (1996-2001)
Paolo Casarin - teclados e acordeom (1995-1996)
Lúcio Dorfman - teclados (1997-2001)
Rodrigo Molina - guitarra (2005-2006)
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